Aracaju-SE
Bom dia senhorita,
Eu não concebo essa imagem em minha cabeça, e se as vezes ela me encontra num canto é como que para aparar as arestas que ficam do vazio pensamento. Ou os pensamentos transbordam imensamente lá dentro que não consigo expô-los ou os tenho em silêncio; a segunda melhor que a primeira para dizer todas as coisas à nossa volta.
Acordei para esse fato sem mesmo acordar em outro dia. Ainda é noite, madrugada: dia então já que o relógio fez a volta completa e me despertou nesse transe nocturno.
Os ratos pararam essa noite, e os passos se calaram para ouvir minha mente: a respiração pulsa numa valsa de desculpas; me afogando em Adeus revolvo na cama. Embora as luzes estejam apagadas consigo ver o brilho dos outros olhos e o ar não é puro, está condicionado e isso nos confunde entre homens e máquinas.
Cada pessoa enxerga o que quer enxergar e talvez não seja de todo um erro. Podemos criar nuances e ir descobrindo tons que antes nãos e viam nas flores. Estou inquieto demais e não consigo dormir; passei a mão em minha pele e descobri barba que a um mês atrás não existia e então seus cabelos crescem parecendo querer igualdade. Tanto faz se os dedos são compatíveis. Se na memória ficam as lembranças, o coração vai numa estrada que depois do amor amanhece.
E o sono é como o silêncio, nele tudo se dobra e tudo resguarda: nesse intento é que preservamos a saliva de outros beijos e renascemos donde nem o tempo nem a vez é como a saudade da realidade. O vazio se preserva no corpo ardendo em mim e por issoa cama não é como um leito acolhedor. É tão coice, é tão duro abrigo que ensina a esquecer.
Despertas! O sono não é bom sozinnho. E se me despeço é por não escutar tua vinda aqui. A tv lá na sala ligada não é um bom atrativo, prefiro o samba; canto um canto como quem faço amor na madrugada e me falta a poesia.
As mãos atadas não dizem nada. Na verdade nehuma parte de mim responde à inercia em que se abriga o desejo: que não é preciso ter mãos nem pés, nem beleza para existir de um corpo como a madeira boa de um violão. Os acordes todos, a melodia vamos conhecendo aos poucos; no toque é que sentimos a textura das casas e se nelas habitam os homens e os vermes. A dor do silêncio coisa pequena, é que me transfigura e empalidece. E quão óbvio é o que o grito sussura aos teus ouvidos não? É uma vida sobresaltada; não sei nada e é a mesma porta sem trinco, o mesmo teto. Àquela rua vai dar na mesma estrada.
“Cada pessoa enxerga o que quer enxergar e talvez não seja de todo um erro.”
Despertas!…
adorei menino, muito bom!
obrigado. obrigado, jonas-urubu.
“É uma vida sobresaltada; não sei nada e é a mesma porta sem trinco, o mesmo teto. Àquela rua vai dar na mesma estrada.” Perfeito.
q comentário… jonas-urubu, vc escreve lindo. eu te amo.
ô Pablo mal caráter…
huhauhauahahauhauhauah
Alexandre Herculano tinha o dom de escrever com emoção, tinha o dom de inserir o leitor na história, não é incomum sentir o calor da batalha ou o chão estremecendo sob as patas dos cavalos… Talvez Tolkien teve esse dom também, talvez Stendhal.
O importante aqui é que hoje em dia não é comum ver textos assim, não falo aqui daqueles descritivos, falo realmente dos que tem vida.
Acredito que todo mundo tem um dom para algo, eu escrevo sonetos, tento escrever uma epopéia a anos, não venho fazendo isso ultimamente, e acabei virando bancário. rs
Com sinceridade desde que lhe conheço não havia me interessado tanto pelos seus escritos, hoje, depois deste, a partir daqui, passo a pensar diferente.
Muita força ai rapaz, continue nesse caminho, parece que é promissor.
Abraços ^^
E o sono é como o silêncio, nele tudo se dobra e tudo resguarda
mto mto bom otimo texto
“Cada pessoa enxerga o que quer enxergar e talvez não seja de todo um erro.” gostei mesmo dessa frase!
http://projetogalo.wordpress.com
Típico poema que serve como um tapa para quem tem corações partidos…
Poxa, mas não precisava dar um tão forte…
Genial!
Cuidado. Tá lá fora. Parece que bate na porta, mas nem tá.
Que me atrevo a dizer senão: “Uau…”? Bjos.
Despertas! O sono não é bom sozinnho. E se me despeço é por não escutar tua vinda aqui. A tv lá na sala ligada não é um bom atrativo, prefiro o samba; canto um canto como quem faço amor na madrugada e me falta a poesia.
muito bom gostei
As vezes eu acho que temos que parar um pouco para saber do que estamos fazendo ; o sono e como o silencio que sempre nao faz nada ou ate justifica um porem do que estamos imaginando ou a razao:REALIDADE.Cada pessoa enxerga o quen queremos enxergar ou mais ou menos justificar um erro ou pensamento cada pessoa pensa e tem seu jeito de pensar o correto ou nao.Para mim as maos dizendo sim ou nao justifica uma resposta.
“Acordei para esse fato sem mesmo acordar em outro dia “.
“Aquela rua vai dar na mesma estrada.”
Vc escreve muito ,ta de parabéns!
A poética urubuana…
…Salve UrubulinO! Muito show cara, me arrepiei MUITO lendo isso! Parabéns! abraçO irmão!
opa opa ooooopa … que delícia cremosa d texto.
Ótima reflexão
Por que estudantes de letras tem de ser tão estudantes de letras?
vou considerar o fato de que o soldadinho de chumbo não sabe escrever: nunca foi a escola!
É um texto sensorial e de descobertas.
Os ratos não andam
sentiu a barba ao botar a mão
Gostei