Aracaju-SE
Amigo João
Ouvi dizer que a revolução conquistaria à todos o direito não só ao pão mas também a poesia; desse modo fiquei a tarde toda remoendo velhos livros e velhos poetas: por sorte não encontrei nenhum manual revolucionário e nem mesmo a lembrança dos dias confinados às discussões mais filosóficas e existências que políticas, ou mesmo as de quando era sentindo a poesia que nossos corpos se punham frente à luta.
Não faz muito tempo, claro, e por sorte descobri que os versos era a própria revolução (e não que eu entenda a poesia como algo definível ou que conste num manual), mas creio ser um passo de uma armadilha e uma pré-disposição à luta diária: se a poesia nos vem para a revolução ou se a sentimos dessa forma é questão de sentido, de percepção, e contra esse fato não podemos argumentar ou definir uma linha para a sensação. E então como podes me dizer caro amigo que as pessoas ainda se assustam com os seus versos, com todo o realismo fantástico que Bukowski lhe trouxe num vago pensamento em que se escondeu toda a inspiração, e depois, a depuração dos versos, palavra por palavra como um desenho, me vem à mente de que a poesia não conquistará a todos o direito ao pensamento, à liberdade de não refletir sobre o óbvio e anular a sensação de existir e ser a partir de um fragmento.
A verdade é que na sinto muito dessa forma. A poesia veio para mim num dia como essa tarde em que te escrevo amigo João e não a percebi por completo naquele momento e nem em outros dias que seguiram sem que eu soubesse que tudo quando eu pensava e transpunha ao papel era uma respiração poética. A revolução chegou para mim primeiro, de uma outra forma e num outro sentido dialético, só depois entendi que pretendi com o que lia e escrevia a revolução mais intimista.
Desse ponto em que me abriguei, percebi o quanto a poesia lutou para que eu me transformasse, para que o sentido fosse então completo e eu pudesse enxergar com cores as quais nunca ninguém descreveu, e nem descreverá e nem eu a encontrarei na tua poesia. Ela me contempla João, mas receio só você mesmo poder conceber as cores as quais não vejo nela, assim como nunca verás cor alguma na minha revolução.
A vida pode ser vivida, sim, com arte e poesia. Muito bom o seu texto, parabéns!!!
maravilhoso o seu texto .. me fez pensar em uma série de coisas .. viajei .. rsrs
Abç.
Ué, cadê meu comentário? Rsrsrsrs!!!
Enviei um comentário pra cá… Pq ele não aparece?!?
Muito bom mesmo o texto, para mim a poesia eh uma boa parte da vida, amo também! 😉
na boa, eu acho poesia um saco…
mas o texto tá ótimo.
Laurita Láurea pede bis!
mais um!
mais um!
kkkkkk
😛
***
texto ótimo e conclusão única: as cigarras salvarão o mundo!!!
com a força de mil delas cantando…
Cansei das palavras, Urubu. Mas é por aí… Pasárgada está tão próxima, por que as pessoas insistem em não querer vê-la?
Abraço
Amigo João
As palavras nos salvam mesmo, as vezes parecem ser as únicas a nos dar sentido. Precisemos demonstrar nas palavras, poeticamente ou não, nosso suspiro de existência inintendida… Essa vontade de revolução inútil, no fim das contas. Ótimo!
Grande urublu…
Bom texto, bom blog…
Tá nos meus feeds
Tá linkado….
Bjos
Nenhum desses que comentam os seus textos são o que dizem em palavras.
cada vez mais denso….
desenvolva.
Bukowski:
você diz que freqüentemente sente essa loucura. o que é que você faz quando ela se apodera de você?
escrevo poesia.
a poesia é loucura?
não-poesia é loucura.
o que é loucura?
loucura é feiúra.
o que é feio?
para cada homem, uma coisa diferente.
…
a diferença entre a Arte e a Vida é que a Arte é mais suportável.
….
Lembrei apenas de alguns trechinhos de notas de um velho safado.
Urubuzito,
o que eu acho mais lindo são os sons das palavras. como além de escritor, você é músico, portanto deve me entender. o ritmo. e tals. eu quero andar as vezes neste ritmo. e isto já é o mais revolucionário. o ato. o ato. só só sei escrever, mas preciso dividir com você tudo que há em mim. só aprendi também a saber escrever coletivamente. e não ficarei, mas só quando você me tirarem daqui.
não sei. lalala
beijos, Juliana.
eu escrevi algumas coisinhas erradas, foi mal 😛
é que aqui enviou se ferrou, não pode corrigir 😛
Vozes veludas
velozes vozes
voam…
huhahauaa, as palavras voam, mas permanecem os escritos que vamos distribuindo por aí a fora. E que boa a sensação de poder partilhar contigo todas as letras e todas as canções que as prosas trazem embutidas.
Juliana, juliana, é um caminho longo o da espera.
caminhemos, à frente não há muros